segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dado Villa-Lobos faz show morno em Garanhuns

Apresentação só esquentou quando cantou escalou para o palco, já no fim do show, Tony Platão

Publicado em 22/07/2013

Bruno Albertim 
 / Foto: Pri Buhr/Divulgação

Com riffs de guitarra e bateria pesada, meio sombrias, letras ligeiramente existenciais e deprimidas, Dado Villa-Lobos começou um show bastante morno, diante da plateia da Guadalajara com cara de que não estava entendendo muito o que se passava no palco. A apresentação só esquentou quando ele escalou para o palco, já no fim do show, o "amigo de mais de três décadas" Tony Platão, recrutado para assumir os vocais no set list dedicado ao repertório da Legião Urbana. Logo, a praça virava um coral de 70 mil vozes (segundo a Polícia Militar), entoando hinos como Pais e Filhos e Há tempos.

No refrão, Tony Platão ironizava a passagem do tempo: "Éramos tão jovens, tão jovens..." em vez do famoso "Somos tão jovens". Ainda nos bastidores, antes de seguirem para o hotel em que estão hospedados em Caruaru, por falta de vagas em Garanhus, Tony Platão e Dado Villa Lobos anunciaram uma nova banda que estão formando. Batizada de Panamericana, a banda vai contar com um time oitentista de peso: além de Dado e Platão, Charles Gavin, dos Titãs, na bateria, Dé Palmeira, ex-Barão, no baixo. 

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"Fazemos versão em português de bandas incríveis que estão aqui do nosso lado e a gente mal conhece", disse Platão, explicando que a razão da banda é verter canções de banda do roque sul-americano. "Eles, contudo, tem uma guitarra mais crua, mas rock. Nós vamos adaptar para o jeito da guitarra brasileira", disse Dado.

Antes de Dado subir ao palco, Karina Buhr magnetizou a audiência com sua performance de potência sexual polarizada. Segunda pele e rendas colada ao corpo, não economizou na performance. Até sobre a bateria a mutante se jogou. No final, fez o público cantar junto com Plástico bolha e tentou polemizar: "Ano que vem, gostaria de tocar em Garanhuns sem polícia militar. Polícia sim, militar nunca", disse ela, figura frequente nas manifestações de rua de São Paulo, onde mora atualmente.

A noite teve ainda momentos grandiosos como a Orquestra Santa Massa do DJ Dolores. Como um maestro, o DJ conduziu grandes instante como o encontro vocal de Isaar e Chico César, convidado especial do projeto que mescla com excelência timbres eletrônicos a sonoridades da cultura tradicional pernambucana. Os dois terçaram vozes em Mama África e O Negro Segura a Cabeça com a mão e chora. 

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Zeca Baleiro, carismático, fechou a noite com um show previsível, cheio de hits, envolvente e eficiente. "Engraçado é que fizemos tudo na hora. Não ensaiamos com Chico antes", disse Hélder Aragão, nome de batismo da persona Dolores.

PALCO POP - As atenções estavam concentradas na Guadalaja, mas o grande show da noite do sábado aconteceu sob a tenda do Palco Pop. Às 19h30, para um público ainda despertando da noite anterior, Juliano Holanda fez uma apresentação memorável de seu show A arte de ser invisível e confirma que, veterano oculto que era, já não é mais uma promesa, mas uma grande afirmação para a linha de frente da música pernambucana. Sim, além do compositor, multiinstrumentista, produtor com mais de 130 canções gravadas por parceiros e produção em mais de 60 discos, este jovem veterano de 35 anos se mostrou um grande frontman. Tem timbre seguro e charme vocal de sobra para interpretar as próprias canções. Aliás, cantoras como Marisa Monte, Vanessa da Mata ou Tulipa Ruiz, fiquem atentas às letras cheias de imagens e achados do rapaz. Holanda tem uma poética de grande inteligência a sensibilidade pop. A gente sai da apresentação com frases como "O mundo é pequeno, mas é maior do que eu pensava".

Muito bem acompanhado, com Jam da Silva na percussão, Areia no baixo, e Zé Manoel na bateria, ele teve ainda a participação, nos vocais, da jovem cantora Isadora Melo. Anotem o nome desta moça. De voz doce e charme pop, já mostra que logo vai estar assinando shows com seu nome. Depois de Holanda, os gaúchos do coletico Comma desfilaram temas instrumentais, experimentação ousada e sóbria, de jazz com eletrônico. Deixou o público na temperatura certa para receber a última atração da noite. Referência de primeira hora da música contemporânea pernambucana, Roger Man mostrou o capital afetivo que a Bonsucesso Samba Clube dispõe do público local. Provocativo e poético, botou o povo para dançar cantando do primeiro ao último verso.

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