Empresa insinua que opera numa grande 
sede, mas, na realidade, está localizada num escritório pequeno que 
divide com outras companhias
Publicado em 26/07/2013 
Suspeita de ser a maior 
pirâmide financeira da história brasileira, a Telexfree está afundada em
 contradições. Ela tem registro de microempresa no Espírito Santo, mas 
movimentou bilhões em só um ano. Alegava ter seguro da Mapfre para 
garantir os investidores, mas foi desmentida pela seguradora. E em seu 
site se diz uma multinacional sediada nos Estados Unidos, mas o endereço
 é um escritório virtual, literalmente: a bilionária companhia só tem 
direito a uma cota de cinco reuniões por mês em uma sala alugada em 
sistema de rodízio a várias empresas, entre elas a nanica K&C 
Cleaning, microempresa americana de faxina doméstica.
 
A Telexfree se diz fornecedora de 
serviços de telefonia VoIP – ligações pela internet. Em um ano saltou de
 desconhecida a empresa com 1 milhão de investidores, gente que 
supostamente “divulga” a empresa, mas que pagou em alguns casos mais de 
R$ 100 mil para isso. Segundo o Ministério da Justiça, da Fazenda, 
Ministérios Públicos e Procons de oito Estados, não há vendas e sim da 
adesão de novos investidores – se o fluxo de adesões parasse, ela 
quebraria, o que caracteriza a pirâmide, um crime federal.
Em seu site, a Telexfree exibe uma foto 
do suposto fundador da empresa, James Merrill, à frente de um edifício 
que pertence à Regus, multinacional especializada em escritórios 
virtuais, aluguel de salas em rodízio. Na legenda da foto, a Telexfree 
induz o visitante do site a entender que é dona de todo o prédio: “Sr. 
Merrill em frente à sede da Telexfree nos EUA.”
A Regus aluga o endereço da Telexfree em
 rodízio para qualquer interessado, basta haver vagas no mês. Mas essa é
 só uma das contradições. Em junho passado, após a Telexfree ser 
suspensa pela Justiça, o diretor de Marketing da empresa, Carlos Costa, 
gravou um vídeo para defender a companhia e afirmou que ela teria seguro
 da Mapfre para cobrir seu risco financeiro.
 
No dia seguinte, a seguradora desmentiu a
 informação. Nessa quinta-feira (25), advogados da Mapfre foram ao 
Ministério Público do Acre e voltaram a negar relação comercial entre 
ambas.
Os investidores da Telexfree são 
apelidados de divulgadores. Desde a suspensão, eles têm sido agressivos 
em defesa da empresa e há dois dias bloquearam os acessos ao Aeroporto 
de Brasília.
Em entrevista ao Jornal do Commercio,
 a promotora Alessandra Garcia Marques, segunda ameaçada de morte desde o
 início da briga judicial, conta que restringiu sua rotina às idas e 
voltas entre o trabalho e sua casa. “A situação é trágica. Há pessoas 
humildes que só queriam melhorar de vida e investiram tudo. Por isso 
entramos na Justiça para tentar o reembolso dessas pessoas”, afirma.
As investigações apontam para uma 
movimentação bancária de bilhões de reais, bem além dos R$ 500 milhões 
em bens bloqueados na Justiça.
A Telexfree, em nota, diz ter um laudo 
que comprovaria sua viabilidade financeira. Ela nega ser uma pirâmide 
financeira e reclama ter sido tratada “de forma violenta” na Justiça.
DEVOLUÇÃO - Nessa 
quinta-feira, a primeira instância da Justiça do Mato Grosso, na Comarca
 de Rondonópolis, determinou que a Telexfree devolva R$ 101 mil ao 
advogado Samir Badra Dib, que investiu o dinheiro no dia em que a 
empresa foi suspensa na Justiça.
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